quarta-feira, 3 de setembro de 2008

Ela, Somente Ela

Percebo que o dia se torna mais curto. As noites vão perdendo a ternura e tudo já é pouco para saciar o pouco que preciso.
Os beijos que recebo já perderam seu sabor. Os olhares que troco não tem mais brilho e nada que faço é o bastante para completar o vazio de meu coração.
Garrafa depois de garrafa, um cigarro depois do outro e mesmo assim continuo com vontade de beber e fumar. Mesmo assim continuo vazio e sem graça. Mesmo assim continuo longe daquela que pode mudar essa situação.
Vejo, de novo, os buracos nos quais eu já caí, cavo, de novo, as covas que eu jurei enterrar e nunca mais abrir. Repito tudo àquilo que jurei deixar de fazer e, novamente, me arrependo.
Os dias continuam curtos. As noites cada vez mais sem empolgação e nada mais me chama atenção nas ruas dessa cidade morta.
A preocupação e o medo da morte já deixaram de me acompanhar, os riscos da madrugada já não me assustam mais e nem toda angustia do mundo poderia me tirar o sono que já não sinto.
Mas mesmo entre toda a covardia que demonstro para mim mesmo e mesmo tendo prometido não dar meu coração a mais ninguém, encontro na voz de minha única tudo aquilo que deixei para trás.
E enquanto falo com ela, e somente com ela, olho para o céu e torno a ver beleza em suas cores. Volto a ver beleza até mesmo nos sentimentos que deixei adormecidos, aconchegados em um canto qualquer do início do ano.
Enquanto com ela, e só com ela, volto a ter certeza que meu coração bate por um motivo nobre. A perceber que ainda há poesia no meu amor e que ainda pode haver amor verdadeiro em minha poesia.

Nenhum comentário: